Eu me perdi de mim depois daquele dia.
A que vejo no espelho me fala verdades
e aceita as mentiras.
Quantos homens ainda vão saciar
seus egos no meu corpo,
antes que tu me encontres?
Em cada novo amante, procuro teu amor.
Todos cegos de quem sou.
Todos surdos do que digo.
Todos sós, como eu,
e tão cansados de lutar…
Que importa se é azul ou amarelo?
A flor do meu amor é suave e perfumada,
a cor é o de menos.
Sou uma das favoritas,
quando deveria ser a única.
Já fui a única, até que não.
De lá pra cá, sou todas:
sou virgem, sou fácil,
sou linda e sou nada,
a promessa pra sempre,
a tola que acreditou, até que não.
Hoje sou fêmea, sou fogo, sou todas,
não mais a única, mas tenho todos,
os que já foram únicos, até que não.
Nem sei seus nomes, seus pratos favoritos,
sua cor predileta,
mas sei fazê-los gozar,
sei tocar seu corpo, suas partes, até desmaiar.
Sei ser excitante, entorpecente,
recatada e indecente.
A virgem pura, a professora,
a vaca profana, a cachorra.
Atriz perfeita, um dia, quem sabe,
eu seja só mulher,
a que te quer, a que bem mereces,
a menina que teu olho não esquece!