Há dias em que te abres para mim...
Descerras as trancas e em abertas venezianas
Desfilas tua alma ao som das valsas
Meus olhos atravessam-te nas vidraças
Buscam-te nas ruas de pedras enfileiradas
Nas acrobacias humanas das íngremes calçadas.
Vislumbro nas organzas das tuas cortinas
Alvas, balouçantes as fragrâncias das tuas ternuras
O teu santo olor aspiro em melancólica doçura.
Há dias em que te fechas para mim...
Trancas em ferrolhos poderosos o teu coração
Escondes-te atrás do embaçado vidro da nossa ilusão.
Em meio rangidos das enferrujadas junções
Uma lágrima solitária entoa uma cantiga em sussurro
E no parapeito truncado da janela
espera um carinho mudo.
espera um carinho mudo.
Há dias em que me enxergo no horizonte, da janela
Entreaberta, um rasgo de consciência entra e fareja
A fantasia escoa na pingadeira gélida.
E tem noites que as estrelas do nosso amor
Em sonhos e ardores imaginados
Nas vidraças escancaradas desenham nosso desejo
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