quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Soneto Da Devoção - Vinícius de Moraes


Essa mulher que se arremessa, fria 
e lúbrica aos meus braços, 
e nos seios me arrebata 
e me beija 
e balbucia Versos,
votos de amor 
e nomes feios.
Essa mulher, 
flor de melancolia
que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas 
a quem dei os carinhos 
que nunca a outra daria.
Essa mulher 
que a cada amor proclama
a miséria e a grandeza de quem ama
e  guarda a marca dos meus dentes nela.
Essa mulher é um mundo! 
— uma cadela talvez... — 
mas na moldura de uma cama
nunca mulher nenhuma foi tão bela!

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