terça-feira, 31 de março de 2009

Sonho - Vênus


Hoje, tocaria seu corpo
Começando pelo seu peito,
Pra te acordar de mansinho
E beijaria o seu rosto
Beijaria seus lábios, seus ombros,
Quase lambendo... 
Afogando meu rosto
Em tuas pernas, sentindo seu cheiro,
Sentindo a quentura da sua pele...
Você adormecido mas sentindo
Meus toques, você arrepiado
Seu corpo reage, se vira de lado
Permanece, num sono profundo
Como se fosse um sonho de amor

Corações - Roberlei Brino

Eu não
te fiz
descobrir
o amor
Apenas
despertei
um gigante
adormecido
se alguém
abriu
o coração
este alguém
foi
você!
o meu
abris-te
delicadamente
o enorme
cadeado
entrou
e enobreceu

Fundamentar - Roberlei Brino


Selar amor
Com sexo
Fundamentar
Na carne
Sentimento
Qual propósito
Do exposto
Sangue quente
Resfriar na alma
Tal sentimento
Desejo cálido
E sedento
Mergulhar no poço
O sentimento
Tirar na prova
Prazer intenso
Qual prazer maior
Só sentimento
Viver tudo
Num só tempo
Fundamentar
na carne
O sentimento...

Angustia - Roberlei Brino


Vou quebrar meu silencio
Com delicadeza
Amar-te em silencio
Já se tornou um mau hábito
Como amar dois?
Amo-te e também ao silêncio
Nele me refugio
Nunca música torturou tanto
E quebrando
Mesmo com delicadeza e sei
Resta-me
Apenas angustia como refúgio
E uma saudade
Que teima em gritar no meu peito

Subjetivo - Roberlei Brino


Quão frio é o falo
Na dureza
Sem sentimentos
Apenas procura satisfação
E tu mulher
Se abre como foste
Apenas pernas
Aonde de ti???
Que palavra te define
Senão objeto
Calas o grito!?
Frustra o desejo
Em nome
De um amor...
...Subjetivo

Choro - Roberlei Brino


Choro, lágrimas de sangue
Diante do túmulo
Que se fez minha alma
Choro, lágrimas de sangue
Por tudo que poderia ter vivido
Choro, lágrimas de sangue
Diante da sepultura
Que fez-se entorno de minha vida
Choro, lágrimas de sangue
Pelas, mulheres que tive
E não soube compreendê-las
Choro, lágrimas de sangue
Por uma vida que não soube viver
Por fim choro,
Lágrimas verdadeiras
Tentando lavar de meu rosto...
A grande máscara
Que se fez minha vida

segunda-feira, 30 de março de 2009

Menina Em Flor - Roberlei Brino


Ah...
Quão bela, menina em flor
Regalo para os olhos e lobos...
Sedentos de pudores novos
Embriagados no perfume e cegos
Na beleza que exubera
Ah...
Quão bela inocência
Sedenta de tudo que é novo
Olhar pueril, que deixa febril
O mais frio dos mortais
Ah...
Quem dera eterna beleza, 
Amanha, só tristeza
Não mais regalar...

Desejos - Roberlei Brino

Veste-te,
de pudores
Quando na verdade
Tu és brasa encoberta
Esconde,
teus desejos.
Atrás de cortinas de palha
Incendiando-se
com leve brisa.

domingo, 29 de março de 2009

Chuva De Amor - Edson


Em uma tarde cinzenta
Chuva continua, porém leve
Duas pessoas que se amam
São vitimas do mais puro amor
No quintal aparentemente simples
Ambos se amam - desejo incontrolável
Dois corpos se tocam, se encaixam
Água sobre as peles escorre... brilha
Ela com um vestido lindo, branco
e ao contato da água desenha...
Mostra sua pele, curvas e expõe seu corpo
Cabelo molhado, pele linda
Ele lindo, social - uma gravata
molhado, gotas caindo sobre sua pele
mostra o desenho do seu peito
Pelos à mostra - atalhos e caminhos
Beijos, saliva misturada à água da chuva
Beijos estalados, mãos deslizando sobre os corpos
Desejo ardente um pelo outro
corpo gelado da chuva mas quente de desejo
Tiram a roupa molhada e ficam nus na chuva
Gotas caindo e escorrendo pelos corpos
Enquanto, num momento único
Se amam com as águas por testemunha
Corpos frenéticos, beijos e carícias
Chuva forte, relâmpagos e trovões ao longe
E a chuva diminui o ritmo assim como as trovoadas
No mesmo instante que os amantes explodem de prazer

quinta-feira, 26 de março de 2009

Me Revelar... - Roberlei Brino


Quero sentir teu gosto,
gozar,
com teu com teu gozo
Me embriagar
Explorando teu corpo
Sentindo teu gosto,
sua loucura revelar
Perdido nesta sua loucura
Minha língua procura,
Tudo revelar...
Num sobe e desce incessante
De um explorar inconstante
Sabores,
revelar...
E no embalo desta loucura
De paixões e luxúria
Me revelar...

segunda-feira, 23 de março de 2009

Prazer E Vontade - Laura

Entra no meu corpo...
Nada de você sem mim,

Nada de mim sem você...

Somos um...

Prazer e Vontade....

Sedução...

Teu calor em minha pele...

O gozo percorrendo
nossos corpos suados
.

Exaustos,
Sedentos de quero mais.

À Hora Do Amor - Marcos Woyames de Albuquerque


Afaga-me com tua luz
Aquece-me com teu calor.
Meu instinto me conduz,
Me eleva ao teu fervor.
Prenda-me como um bicho
Ou seduza-me com doçura.
Não me cobres compromisso,
Mas leva-me a loucura.
Desnude-se de preconceitos,
Realize tuas fantasias.
Explore os meus trejeitos,
Saiamos desta afasia.
São corpos nus que se entregam,
Em dança de puro erotismo.
Animais febris que se esfregam,
Lancinantes sem puritanismo
Hormônios lançados ao ar
Cheiros e multi-sabores.
Variações do verbo amar,
Perda total de pudores.
Tomemos pois uma atitude,
Nossos corpos demandam desejo,
O amor na plenitude.
É chegado o nosso ensejo.

À Flor Da Pele - Marcos Woyames de Albuquerque


Fogo na pele,
Pele em flor!
Flor que fere,
Fogo de amor!
Flor da pele,
Pele em cor.
Pele a pele
É pleno ardor!
Flor impele
Dor de amor.
Dor que fere
A flor do amor!
Pele pede,
Aflora em flor.
Mela a pele,
Doce amor!
À flor da pele,
Trêmulo fervor!
À flor da pele,
Atração em furor!
Paixão elevada,
Rasgada em ardor!
Pele indomada,
Fervente de amor!

sábado, 21 de março de 2009

Aranha Macho - Silvia Schmidt

Quero-te, homem, nas minhas entranhas, 
Rasgando véus, vazios, fidelidade! 
E quero ser o ser com que te assanhas 
Em cama aberta e sem solenidade. 
Quero-te, homem, pelo corpo adentro 
Num cavalgar contínuo e castigado 
Por essa dor que possa vir ao centro 
De qualquer culpa em mim descarregado. 
Quero-te forte em braços e torturas, 
De incêndio feito se queimando em mim. 
Quero incitar- te à todas as loucuras, 
E a todas elas tu terás meu "sim". 
Neste meu ventre cálido às escuras, 
Aranha macho , encontrarás teu fim. 
- às inclementes aranhas fêmeas -

quinta-feira, 19 de março de 2009

Corpo Adentro - Marina Colassanti


Teu corpo é canoa
em que desço
vida abaixo
morte acima
procurando o naufrágio
me entregando à deriva.
Teu corpo é casulo
de infinitas sedas
onde fio
me afio e enfio
invasor recebido
com licores.
Teu corpo é pele
exata para o meu
pena de garça
brilho de romã
aurora boreal
do longo inverno.

Amor Não Se Esconde - Alberto M. Alves


Ontem andava, hoje flutuo,
Levado pelo vento, eu pactuo,
Dirigindo, voo, e neste torpor,
Tentando apagar da mente a dor,
Transformando este ardor.
Ouço um suave e rouco chamar...
Vem, vem comigo amar,
E no horizonte descansar.
Estendo minha mão, tento pegar,
Volta vazia sem nada encontrar.
Vejo renascer esta tatuada solidão...
Incendiando meu corpo e o coração.
Longe palavra ouve em oração.
Gostaria de ouvir tua voz tremer...
Procurar em teus olhos o sol reviver...
Voar sem a outra asa me é reprimido,
Realizar este anseio não me é concedido;
Mas em sonho desejar ser um passarinho;
Para que, alçando voo de meu alto ninho,
Pudesse cantar nosso segredo bem baixinho.

Deixa-Me - Marilena


Deixa-me
aproximar dos seus olhos novamente
e tocar seu rosto docemente.
Deixa-me
meus dedos contornarem seus lábios suavemente
e beijar sua boca demoradamente.
Deixa-me
apertar você em meus braços silenciosamente,
e adormecer nos seus ombros afetuosamente.
Deixa-me
sorrir com os olhos carinhosamente
e te amar para todo o sempre perdidamente.
Só assim, então,
deixo você repetir simplesmente,
Que eu sou sua amada eternamente...

Ainda Não Estou Preparado Para Perder-Te - Pablo Neruda

Não estou preparado
para que me deixes só.
Ainda não estou preparado
para crescer e aceitar que é natural
para reconhecer que tudo tem um principio
e tem um final.
Ainda não estou preparado
para não ter-te e somente recordar-te.
Ainda não estou preparado
para não poder ouvir-te ou não poder falar-te,
Não estou preparado
para que não me abraces
e para não poder abraçar-te.
Ainda te necessito
E ainda não estou preparado
para caminhar pelo mundo
perguntando-me...
porque? 

terça-feira, 17 de março de 2009

Escravos Das Recordações - Golden


Sinto vontade de gritar,
como se eu pudesse,
sem os ouvidos ferir.
Vontade de partir,
como,
se eu soubesse,
se tivesse sequer onde ir.
De ir, de sair,
as asas domando
as forças do vento e pronto!
Pronto a enfrentar o infinito,
tão distante,
tão próximo,
a teu encontro!
As ondas do tempo,
envolventes,
a varrer,
desta vida,
as areias,
apagando marcas frescas,
passadas, da nossa história recente,
ora delicadas vagas,
serenas,
sincopadas ao bater destas asas,
ora altaneiras,
borrascosas,
num turbilhão
a nos confundir a mente.
Como explicar a força,
que nos anima, nos faz seguir adiante,
quando,
em verdade,
temos consciência do ontem,
presente,
em visões,
reais como o zunir do vento
em nossos ouvidos.
Escravos das recordações,
peças pregadas em nossos sentidos,
a reviver,
sempre e sempre,
calafrios,
tão reais quanto o agora,
sentimentos tão ciosamente guardados,
ecos saudosos de outrora

terça-feira, 10 de março de 2009

Desejo - Vera Maya

Essa brasa
essa chama
esse lume
esse fogo
esse forno
essa caldeira
ah, esse amor
que arde
incendeia
esse corpo
essa fornalha
essa fogueira
essa alma
essa queimada
que se alastra
em labareda
me envolvo
a noite inteira
ah, essa paixão
me acende
me inflama
me consome 
 e me transforma
em tocha humana.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Mulher Da Vida - Cora Coralina


De todos os tempos.
De todos os povos.
De todas as latitudes.
Ela vem do fundo imemorial das idades e
carrega a carga pesada dos mais
torpes sinônimos,
apelidos e apodos:
Mulher da zona,
Mulher da rua,
Mulher perdida,
Mulher à-toa.
Mulher da Vida, minha irmã.
Pisadas, espezinhadas, ameaçadas.
Desprotegidas e exploradas.
Ignoradas da Lei, da Justiça e do Direito.
Necessárias fisiologicamente.
Indestrutíveis.
Sobreviventes.
Possuídas e infamadas sempre por
aqueles que um dia as lançaram na vida.
Marcadas. Contaminadas,
Escorchadas. Discriminadas.
Nenhum direito lhes assiste.
Nenhum estatuto ou norma as protege.
Sobrevivem como erva cativa dos caminhos,
pisadas, maltratadas e renascidas.
Flor sombria, sementeira espinhal
gerada nos viveiros da miséria, 

da pobreza e do abandono,
enraizada em todos os quadrantes da Terra.
Um dia, numa cidade longínqua, essa
mulher corria perseguida pelos homens 

que a tinham maculado. 
Aflita, ouvindo o tropel dos perseguidores 
e o sibilo das pedras,
ela encontrou-se com a Justiça.
A Justiça estendeu sua destra poderosa 
e lançou o repto milenar:
“Aquele que estiver sem pecado
atire a primeira pedra”.
As pedras caíram
e os cobradores deram s costas.
O Justo falou então a palavra de equidade:
“Ninguém te condenou, mulher...
nem eu te condeno”.
A Justiça pesou a falta pelo peso
do sacrifício e este excedeu àquela.
Vilipendiada, esmagada.
Possuída e enxovalhada,
ela é a muralha que há milênios detém
as urgências brutais do homem para que
na sociedade possam coexistir a inocência,
a castidade e a virtude.
Na fragilidade de sua carne maculada
esbarra a exigência impiedosa do macho.
Sem cobertura de leis
e sem proteção legal,
ela atravessa a vida ultrajada
e imprescindível, pisoteada, explorada,
nem a sociedade a dispensa
nem lhe reconhece direitos
nem lhe dá proteção.
E quem já alcançou o ideal dessa mulher,
que um homem a tome pela mão,
a levante, e diga: minha companheira.
Mulher da Vida, minha irmã.
No fim dos tempos.
No dia da Grande Justiça
do Grande Juiz.
Serás remida e lavada
de toda condenação.
E o juiz da Grande Justiça
a vestirá de branco em
novo batismo de purificação.
Limpará as máculas de sua vida
humilhada e sacrificada
para que a Família Humana
possa subsistir sempre,
estrutura sólida e indestrutível
da sociedade,
de todos os povos,
de todos os tempos.
Mulher da Vida, minha irmã.
...
Poesia dedicada, por Coralina, 
ao Ano Internacional da Mulher em 1975.