segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Divino Corpo - Helena Kluiser


Divino o corpo
Onde sou a morada
Seus braços me enlaçam
E na pele mais nada
Mistério sofrido
Arrancar paixão
Gemidos baixinhos
Ou altos, com emoção
Lençóis macios
Amassados de tesão
Transpiro aflita
Em busca de libertação
O pêlo do corpo
Sinto a alma flutuar
Não sei mais se é dia
Só quero um abraço para descansar

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Despertar - Magda Almodóvar


Que me toca,
Que me aguça,
Que me enlouquece...
Ah, esse homem...!!!
Me desperta de sonhos,
Passeia pelo meu corpo,
E me faz vibrar de emoções
Ah, esse homem...!!
Que me toca os seios,
Me beija alucinadamente,
Nesse sonho de amor,
Ah, esse homem...!!
Desperta meus desejos
De querer sempre mais,
Me mantém prisioneira,
Nesse sonho que não
Quero acordar,
Ah, esse homem...!!
Que deseja e me tem,
Com seu riso maroto,
Me faz reviver
Me faz amar,
Ah, esse homem...!!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Traída - Magda Almodóvar


Isto nunca entrou em minha mente.
Abro mão da minha arrogância,
Despojo-me da vaidade,
Retiro máscaras,
Me confesso cruamente.
Preciso exteriorizar esta angústia que me consome!
Necessito dizer, ler, minha decepção.
É a maneira que encontro de me curar.
Os objetos impregnados deste viver,
Já foram desmontados,
Muitos doados, pouco resta para me desfazer.
Pensei que isto adiantaria.
Internamente nada mudou.
Dói fundo, queima, sufoca.
Resta-me encarar de frente meu sentir.
Dificílimo me ver assim nua e tonta!
Dolorido saber que entrei num jogo sem perceber.
Triste saber que me apaixonei pelo inexistente.
Ainda não consigo conceber 
Que pessoas brinquem com o amor!
Brincaram com o meu.
Fui joguete, uma peça num tabuleiro
E sofri um xeque-mate.
Ele propunha cumplicidade,
Ternura,
Paixão,
Construção de intimidade,
Acenava com ciúme e saudade,
União em par.
Pata! Uma patinha tola!
Fui enganada!
Era só um jogo de conquista!
Conquistada, me vi só.
E eis-me aqui, com pudor e coragem,
A falar do vazio, da frustração, da minha pequenez.
Inconcebível misturar afeto e trama?
Não, hoje sei que alguns misturam.
Pobres,
Serão mesmo pobres?
Daqueles que crêem na sinceridade,
Quando se defrontam com um conquistador!
Abrem o coração, colocam-no à mostra.
Tiram todos os escudos,
Fazem o que melhor sabem
E oferecem a um enganador.
Ah! Como dói assumir que fui engambelada!
Criança a quem foi dado um doce
E retirado sem cuidado.
Fere!
Maltrata!
Tentei entender,
Busquei explicações,
Propus diálogo,
Só consegui mais enganosas confissões.
Hoje vejo com clareza,
O que não atenua a minha tristeza,
Que me apaixonei por uma imagem,
Racionalmente criada
E muito bem representada.
Como me sinto infantil!!!
Mas me perdôo,
E trato com carinho minhas feridas.
Ao outro vou perdoar a traição,
Pois de perdão precisa meu coração,
Mas levará um tempo,
E creio que por um tempão,
Não quero saber de paixão.

Dê Dignidade Ao Seu Amor! - Rosana Braga

Freqüentemente, confundimos amor com carência. 
Deixamos essa sensação de vazio e solidão ocupar nosso coração de tal forma e com tal intensidade que perdemos a referência dos nossos mais profundos sentimentos. No entanto, fiquei pensando num antídoto para esses enganos e não me veio nada melhor que a palavra “dignidade”! Palavra essa que tem a ver com honra, amor-próprio, respeito, enfim, autoridade para amar!
É isso: que tenhamos autoridade para amar!!! Porque usar as dificuldades de uma relação para rapidamente ocuparmos o papel de vítimas é o que temos feito quase sempre. Mas nos falta coragem para admitir nossas limitações, para conseguir reconhecer o outro como um mestre, um espelho de nós mesmos.
Porém, esquecemos que da mesma forma que esse espelho nos mostra nossas feridas e dores, nossos buracos e medos... da mesma forma que ele escancara nossa insegurança e evidencia muitas de nossas máscaras... ele também nos mostra nossas qualidades, nossa sabedoria, nossos dons e brilho pessoal.
É no exercício de amar e compartilhar o que temos de mais íntimo, que podemos perceber quem realmente somos, desde que estejamos dispostos a nos olhar, a nos autoconhecer e nos reconhecer exatamente como somos. A partir de então, podemos iniciar um processo de transformação, de autotransmutação.
Essa é a grande magia do amor. É a alquimia do coração! Muito mais importante do que ficarmos o tempo todo fazendo questionamentos sobre os conceitos e as regras do amor, é a oportunidade que temos de compreender a força e o poder contidos no momento presente, no agora!
Portanto, sugiro que você relaxe e pare de se preocupar com perguntas como “será que encontrei minha alma gêmea?”, “será que vai dar certo?”, “será que devo me expor, ser sincera e mostrar o que sinto?”. Chega de tantas suposições para amar! Chega de buscarmos tantos motivos, tantas respostas, tantas garantias...
Que possamos simplesmente nos deixar absorver pelo que a vida está nos oferecendo neste instante; que possamos nos agarrar à preciosa chance de nos encontrarmos, de finalmente enxergarmos a nossa própria alma através do amor, do que o outro se torna em nossas vidas.
É a intensidade com que você vive que faz a sua vida realmente valer a pena! É a sua decisão de acreditar que o seu poder pessoal está dentro de você – e nunca no outro – que faz com que o amor se transforme num caminho para a sua evolução e não num jogo onde ganha quem está “sempre por cima”...
Isso é uma grande perda de tempo! Um enorme desperdício de energia, sentimento e possibilidades. Olhe para o outro e enxergue nele, de uma vez por todas, o amor que você tem para dar, a alegria que você pode proporcionar, o encanto que brilha em sua essência.
Tudo, absolutamente tudo, inclusive o amor, acontece de dentro pra fora! Mas enquanto você insistir em atribuir à vida, ao outro ou à relação tudo o que você sente de bom ou de ruim, nada terá sido verdadeiramente seu...
Dê dignidade ao seu amor, assim como a tudo que faz parte de você. Seja a sua dor, o seu desespero, a sua falta de autoconfiança, o seu medo de não conseguir... Não importa: que você seja digno enquanto chora e enquanto ri. Enquanto ama e enquanto perde o seu amor. Que você possa ter autoridade sobre seu coração durante todos os dias de sua vida, porque depois dos momentos mais difíceis que você passar, restará apenas isso: a sua dignidade e, sobretudo, a sua capacidade de recomeçar e amar novamente... sempre de uma maneira nova, mais inteira, mais você!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Mentira - A.D.

A mentira é o fruto do medo.
Do medo que temos,
Acima de tudo o resto,
De Nós próprios.
De nos confrontarmos com a Verdade,
Com a transparência,
Com o rigor e a atitude, no Ser e no Estar.
A mentira é oportuna e dá jeito.
É oportuna porque salvaguarda-nos 
em qualquer situação
(mesmo as mais mirabolantes).
Dá jeito porque aligeira soluções 
e resolve no imediato incertezas
e dúvidas e até crises existenciais.
Há mentiras piedosas.
São inócuas.
Não prejudicam nem lesam.
Mantêm o “verde” no Jardim.
Outras mentiras são atrozes e cruéis.
Pior: Há vidas de mentira permanente,
Vestidas de um faz-de-conta dos Contos de Fadas,
onde o Jardim se reveste de mil cores e mil flores.
Todas de plástico.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Anabela - Mario Gil e Paulo César Pinheiro


No porto de Vila Velha
Vi Anabela chegar
Olho de chama de vela
Cabelo de velejar
Pele de fruta cabocla
Com a boca de cambucá
Seios de agulha de bússola
Na trilha do meu olhar
Fui ancorando nela
Naquela ponta de mar
No pano do meu veleiro
Veio Anabela deitar
Vento eriçava o meu pelo
Queimava em mim seu olhar
Seu corpo de tempestade
Rodou meu corpo no ar
Com mãos de rodamoinho
Fez o meu barco afundar
Eu que pensei que fazia
Daquele ventre meu cais
Só percebi meu naufrágio
Quando era tarde demais
Vi Anabela partindo
Pra não voltar nunca mais

Ana Morena - Wau


Aninha menina....
Ana mulher
Ana... morena... tão bela
Ainda uma flor em botão
Do jardim encantado
Chamado vida....
Ana... morena... linda
Alimenta loucas paixões
Causa diferentes sensações
Desperta emoções mil
Com seu sorriso juvenil
Ana... Aninha... morena
Tão bela... tão linda
Serás por toda a vida
Uma eterna rainha!!!

A Ana - Ana Cañas e Alexandre Fontanetti


A Ana disse ontem
A Ana ficou triste
A Ana também leu
A Ana não existe
É a Ana insiste
A Ana não consegue
A Ana inventou
Ela também merece
A Ana é azeda
Mas é doce quando é doce
A Ana é azeda
Mas muito doce quando é doce
A Ana nada sabe
A Ana sempre canta
A Ana me enrola
A Ana me encanta
A Ana se pintou
A Ana não limpou
A Ana que escreveu
A Ana se esqueceu
Foi a Ana que fez
Foi a Ana que foi
Foi a Ana em fá
Foi a Ana, foi
A Ana ama
A Ana odeia
A Ana sonha
A Ana canta

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Até A Rapa - Martha Medeiros

Olhe para um lugar onde tenha muita gente: uma praia num domingo de 40 graus, uma estação de metrô, a rua principal do centro da cidade. Pois metade deste povaréu sofre de dor-de-cotovelo.
Alguns trazem dores recentes, outros trazem uma dor de estimação, mas o certo é que grande parte desses rostos anônimos têm um amor mal resolvido, uma paixão que não se evaporou completamente, mesmo que já estejam em outra relação.
Por que isso acontece? Eu tenho uma teoria, ainda que eu seja tudo, menos teórica no assunto. Acho que as pessoas não gastam seu amor. Isso mesmo. Os amores que ficam nos assombrando não foram amores consumidos até o fim. Você sabe, o amor acaba.
É mentira dizer que não. Uns acabam cedo, outros levam 10 ou 20 anos para terminar, talvez até mais. Mas um dia acaba e se transforma em outra coisa: amizade, parceria, parentesco, e essa transição não é dolorida se o amor foi devorado até a rapa.
Dor-de-cotovelo é quando o amor é interrompido antes que se esgote. O amor tem que ser vivenciado. Platonismo funciona em novela, mas na vida real demanda muita energia, sem falar do tempo que ninguém tem para esperar. E tem que ser vivido em sua totalidade. É preciso passar por todas as etapas: atração-paixão-amor-convivência-amizade-tédio-fim.
Como já foi dito, este trajeto do amor pode ser percorrido em algumas semanas ou durar muitos anos, mas é importante que transcorra de ponta a ponta, senão sobra lugar para fantasias, idealizações, enfim, tudo aquilo que nos empaca a vida e nos impede de estar aberto para novos amores.
Se o amor foi interrompido sem ter atingido o fundo do pote, ficamos imaginando as múltiplas possibilidades de continuidade, tudo o que a gente poderia ter dito e não disse, feito e não fez.
Gaste seu amor. Usufrua-o até o fim. Enfrente os bons e os maus momentos, passe por tudo que tiver que passar, não se economize. Sinta todos os sabores que o amor tem, desde o adocicado do início até o amargo do fim, mas não saia da história na metade. Amores precisam dar a volta ao redor de si mesmo, fechando o próprio ciclo.
Isso é que libera a gente para ser feliz de novo.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Meu Selo Em Teu Corpo - olhosdepoeta

Eu fecho os meus olhos e sinto ainda
o perfume amadeirado da sua loção pós barba
Consigo recordar cada toque,
de meus dedos a percorrê-lo suavemente
Em cada pedacinho do teu corpo
fui deslizando como um reconhecimento
Perigoso e adorável ao mesmo tempo.
E cada beijo que lhe dei feito um selo meu
Marcando teu corpo e te levando ao delírio.
Delírio este que se juntava ao meu prazer
em vê-lo todo entregue a mim
Só meu, ali ofertado e amado e degustado...
Foram dias e noites de gloria,
entrega mutua e perfeição
Quando nossos corpos se doavam
numa completa união
Muitos outros dias haverão de existir
e ainda recordarei teu gosto
E sei que teu corpo ainda exibe meu selo
De tantos e tantos beijos que lhe dei.