quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Luxúria - Paulo Mont'Alverne

Quero descobrir
Teu corpo, teu suor
Percorrendo, correndo
Sem pressa os instintos.
Deixar mãos
Colarem pernas
Marcarem seios
Rasgarem bocas.
Quero tua descoberta
Feita em meu corpo
Na luxúria nossa de cada dia.

Noturno Vermelho - CAlex Fagundes

Esta noite beberei
o vinho de tua taça
e deixar-me-ei levar
pelo que insinuas
mergulhar-te-ei
em mentiras tuas
mais absurdas
cruas, de todo
entregar-me-ei
ao idílio, filho
etílico do vício
teu desde o início
quererei perder-me
em teus meandros
e lençóis bordados
instinto dos portais
tintos tais, profanos,
dos vinhos mais carnais
derramados tais
sobre os panos
teu espírito em reflexo
à taça jazente semi-plena
entre nós, circunflexo
laço, boca, cena
e a vaga-luz difusa
as mentes deixadas
ao acaso dos desejos
ensejos do porvir
e a luz desnecessária
entrega-se à noite
e o absinto de Netuno
afoga-nos em humores
quem eu? quem tu?
na comunhão de sentidos
na integração de fluídos
quem somos?

Curvas Perigosas - Juscelino Vieira Mendes

A água desce
vagarosamente
sobre um corpo quente
gota em gota
absorvente que envolve
como quem se delicia
em barco à deriva
em rio calmo
de curvas perigosas

terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Orgia - Liz Christine

Gemidos
Sussurro
Lábios, pele, beijo
Em seus ouvidos
Ainda procuro
Como descrever o que vejo?
O que sinto ao te ver
Em meio a essa orgia
Nunca quis te pertencer
Tão livre, e você nem sabia
Tudo que poderia
Encontrar
Experimentar
Em si mesma, você
Minha nudez
Meu prazer
Você vê
Um engano? Talvez
Eu queira ser
Sua, talvez, eu nem sei
O que eu senti?
Ao te ver me olhando
Você beijando alguém
Uma pessoa gemendo
E eu gozando
Quero o seu beijo, vem
Estou dizendo
Sussurrando
Meus lábios te procurando
E outro corpo me domina
Outra língua me fascina
Vários corpos, sua mão
E eu tento dizer
Eu te amo
Amo sua mão
Mas você nem vai saber
Que era pra você que eu falei
E foi então
Nesse exato momento
Que escutei
Algum pensamento
Alguém pensando em voz alta
"aquela ali, a ruivinha
a ruivinha é a mais tarada"
Eu, tarada?
Nem vou responder
Te amo calada
E nem vou me arrepender
De estar te pervertendo
Você não era assim
Se liberte em mim
Amor, orgia
Talvez algum dia
Você saiba que eu sentia

A Piscadela Da Diaba - Oswaldo Martins

 
1
em termos chulos, carmila,
eu lhe diria depois um foda-se
mas querer sentir o caralho
entre tuas coxas
me faz calar a boca
2
quem ávido a cona encaralha,
não conhece as manhas
da arte
os óleos santos que umedecem
preparam as frestas, os cheiros,
e o volume da pica
para essas bocas chupadoras
que lambuzam e viciam
o rego
onde
na ante sala da foda
se dedicam os mestres
trepadores.
3
na sua boca
carnuda
a língua além
desencadeava
licores
e da sua xoxota
molhada
que a perna
de joelhos
sustentava
escorriam prazer
e baba
4
tua bunda sobre
os calcanhares
sentada
é como uma taça
emborcada
onde bebo
deitado

Hemisférios - Simone Barbariz

No Sul, arde o calor,
Que vai subindo por todo meu corpo,
Que vai me consumindo,
Deixando-me insana...
No Norte, há frio, há neve,
Que gela minha alma,
Que me faz tremer,
Mas não me faz chorar...
O Sul é meu sexo
Úmido e quente
Como uma floresta tropical...
O Norte é meu coração
O qual fiz uma fortaleza
Transponível, somente, por você...

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Temporal De Amor - Simone Barbariz

Um temporal caía lá fora 
E o vento soprava forte
Relâmpagos cortavam o céu 
E violentos trovões podiam ser ouvidos ao longe
A Natureza estava em fúria,
Mas nada comparado
Às cobertas desalinhadas 
E dois corpos suados... 
Amávamos com ardente paixão 
Com um desejo de fundirmo-nos 
Em um só corpo, uma só alma...
Estávamos criando nosso próprio temporal,
Nossa própria tormenta
Afogando-nos em amor...

Nuvens - Tchello

nua vens
eu nas
nuvens

Minha Boca... Martha Medeiros

Minha boca
é pouca
pro desejo
que anda à solta