segunda-feira, 26 de março de 2018

Veneno Sagrado - Maria do Carmo Lobato

Tu és uma puta,
Saudável,
Invejável,
Desejável,
Adorável.
Não és uma puta de bordel
E a cascavel que te habita
Possui um veneno muito especial,
Que, por incrível que pareça, não faz mal
E extasia os teus amantes de uma forma tal,
Que eles contigo se comprazem tal qual
Feras soltas na floresta
E contigo fazem a festa
De te quererem
Por apenas uma noite de seresta,
Pois o prazer que a eles propicias
Nas tuas noites de orgia
Os assusta
E por isso eles fogem de ti,
Pois a eles custa
A degusta deste prazer inexorável.

quinta-feira, 8 de março de 2018

Mulher - Andréa de Avellar

Dispenso os rótulos.
Por favor, nem pudica nem “putica”.
Nem Sartre, nem Sutra,
nem santa, nem prostituta. Sou mulher.
e sou mulher quando descanso o antebraço na anca
e meu braço flutua, por sobre minha nua cintura
que enlaço em cintos, laços, enlaces, abraços.
Sim, sou mulher.
quando me deito, de cansaço, sono ou desejo
e me refaço em sonhos ou me desfaço em beijos...
Quando escolho o rosa e a rosa,
sou poema e prosa, putz... sou mulher.
quando calço os saltos, visto as saias,
misturo-me a indecência da transparência...
bordados, rendas, brocados.
Pois é, sou mulher.
entre raios, braços, juízos, julgamentos, prantos,
sorrisos, bancos, carros, cigarros, praças, piadas,
cantadas, versos, amassos, canções, ilusões, verdades,
sonhos, choros, sisos, crises, emoções,
haicai, sonetos, acrósticos...
Entra sonsos, adoráveis, pernósticos, 
escravos, senhores, dores, caças, caçadores...
Nossa! Eu sou mulher!!!
E quando for lembrar de mim...
Não force a memória...
Pouco importa, nome, sobrenome, telefone, história...
Lembre apenas que fui o melhor que sei ser...
Uma, mais uma...apenas uma...
Mulher.

quinta-feira, 1 de março de 2018

Rupi Kaur

Eu não fui embora
porque
eu deixei de te amar.
Eu fui embora
porque
quanto mais eu ficava,
menos
eu me amava.