segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Amor, Aroma Mel - A.D.


Acordar e sentir
O aroma do teu corpo
junto ao meu,
Aguçando os sentidos
Mais íntimos do meu ser ,
É sentir o orvalho da manhã
Desabrochando ventre meu.
Teus abraços
São plumas de amor
Que me conduzem
Aos recôncavos mais profundos
Alçando vôos longínquos
Nos mais diversos sentidos
Do bem querer.
Vejo-me na íris
Dos teus olhos
Que sorriem ao ver-me
Dentro de um olhar
Que diz o quanto
Amas-me e me fazes
Mulher.
Tua boca
Recende puro néctar
Doçura de alma,
Aromatizas,
Alimentas minha alma,
Transformas meus dias cinzentos
Em brilho de sol nascente,
Enalteces-me,
Harmonizas meu viver.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

A Despedida Do Amor - Martha Medeiros


Existe duas dores de amor.
A primeira é quando a relação termina
e a gente, seguindo amando,
tem que se acostumar com a ausência do outro,
com a sensação de rejeição
e com a falta de perspectiva,
já que ainda estamos
tão envolvidos que não conseguimos
ver luz no fim do túnel.
A segunda dor é quando começamos
a vislumbrar a luz no fim do túnel.
Você deve achar que eu bebi.
Se a luz está sendo vista, adeus dor, não
seria assim? 
Mais ou menos.
Há, como falei, duas dores.
A mais dilacerante é a dor física
da falta de beijos e abraços,
a dor de virar desimportante
para o ser amado.
Mas quando esta dor passa,
começamos um outro ritual de despedida:
a dor de abandonar o amor que sentíamos.
A dor de esvaziar o coração, de remover
a saudade, de ficar livre,
sem sentimento especial por ninguém.
Dói também.
Na verdade,
ficamos apegados ao amor
tanto quanto à pessoa que o gerou.
Muitas pessoas reclamam por não
conseguir se desprender de alguém.
É que, sem se darem conta,
não querem se desprender.
Aquele amor, mesmo não retribuído,
tornou-se um souvenir de uma época
bonita que foi vivida,
passou a ser um bem de valor
inestimável, é uma sensação com
a qual a gente se apega.
Faz parte de nós.
Queremos, logicamente,
voltar a ser alegres e disponíveis,
mas para isso é preciso abrir mão
de algo que nos foi caro por muito tempo,
que de certa maneira entranhou-se na gente
e que só com muito esforço é possível alforriar.
É uma dor mais amena,
quase imperceptível. 
Talvez, por isso,
costuma durar mais do
que a dor-de-cotovelo propriamente dita.
É uma dor que nos confunde.
Parece ser aquela mesma dor primeira,
mas já é outra.
A pessoa que nos deixou
já não nos interessa mais,
mas interessa o amor que sentíamos por ela,
aquele amor que nos justificava
como seres humanos,
que nos colocava dentro das estatísticas:
eu amo, logo existo.
Despedir-se de um amor
é despedir-se de si mesmo.
É o arremate de uma história que terminou,
externamente, sem nossa concordância,
mas que precisa também sair de dentro da gente.