terça-feira, 9 de abril de 2013

A Pele E O Vento - Nálu Nogueira

Quando a madrugada vem
e o Vento sopra a pele em poesia desabrocha
dizendo nua os versos de arrepios.
E se o Vento sopra sussurrante
como uma brisa morna estremecendo os pêlos,
a Pele, que é poesia, mergulha em desvarios
e canta para a lua seus versos de delírios
e espera suplicante o toque redentor.
(até que o vento, em sopros de amor
se deita sobre a Pele e suas mãos segura.)
então a Pele, agora em loucura
sente os cabelos longos do Vento
lhe fazerem cócegas; ouve os sussurros 
do Vento em suas costas
sente sobre si o peso do desejo e cândida, rende-se; 
lânguida, deita-se; ávida, molha-se; 
sente nas costas o peso do Vento
e treme; agita-se; inunda-se; e sonha;
tem dentro de si o corpo do Vento e tranca-se;
e move-se; e geme; e goza
(grávida, imensa, grata, plena);
quando a madrugada vem
e o Vento sopra a Pele em poesia desabrocha
e a vida inteira fica diferente.

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