domingo, 14 de abril de 2013

Hoje Eu Quero Te Amar Assim - Lílian Maial

Derrubada sobre a mesa,
entre frutas, vinho, candelabros,
cabelos soltos, desgrenhados,
suada sob as peles de animais e botas longas.
Guerreira viking, 
fúria ancestral entre os dentes,
desejo carnal pelas ventas,
vontade leitosa nas coxas.
Animal arredio, 
acuada, se aquieta,
se rende, se finge de morta,
mas vira o jogo e monta.
E bate, e arranha, e morde,
imobiliza a presa,
prende nas pernas,
predestinação.
Naquela hora, naquele dia,
ele é servo, escravo,
ela é dona, é forte,
derrama sobre ele eras de feminilidade.
Ele se sabe indefeso,
e toda a ventura dessa entrega, 
materializada naquela fêmea crua,
entre alimentos,
nutriz de amor e gozo,
torna-se a glória do guerreiro,
conquistado, para alcançar o trono supremo,
onde é coroado rei,
por se curvar ante à inevitável figura,
a indomável criatura,
a perfeita obra inacabada:
mulher.

Nenhum comentário:

Postar um comentário